
Big Daddy Wilson
Big Daddy Wilson, nascido Adam Wilson Blount a 19 de agosto de 1960 em Edenton,
Carolina do Norte, é uma das vozes mais calorosas e autênticas do blues
contemporâneo. Cantor e compositor de electric e soul blues, é conhecido por sua
presença serena em palco e pela sua profunda e envolvente voz de barítono, que
transmite emoção, espiritualidade e verdade — marcas do blues na sua essência mais
pura.
Filho de John Henry Wilson e Dorothy Lee Blount, cresceu numa comunidade rural
pobre do sul dos Estados Unidos, num ambiente onde a música vinha sobretudo da
igreja e da rádio local. Sem pai presente e criado pela mãe e pela avó, trabalhou nos
campos de algodão e tabaco desde cedo, e deixou a escola aos 16 anos. Aos 18,
alistou-se no Exército dos EUA, procurando uma alternativa à escassez de
oportunidades na sua terra natal. Seria a experiência militar que o levaria à Europa —
e à descoberta de si mesmo.
Foi na Alemanha que Wilson conheceu, pela primeira vez, o blues. Até então, nunca o
tinha ouvido. A revelação foi tão forte que mudou o rumo da sua vida. Até então
tímido, escondido nas palavras dos poemas que escrevia, encontrou no blues a
coragem para cantar. “Foi aqui que encontrei uma parte de mim que me faltava”,
confessou mais tarde. Começou por subir ao palco em pequenas jam sessions,
conquistando o público com a sinceridade da sua voz. Com o tempo, deixou de usar os
óculos escuros que escondiam a sua timidez: a música tinha-o libertado.
Wilson fixou-se definitivamente na Alemanha e, após anos a aperfeiçoar a sua arte,
lançou os seus primeiros álbuns com a editora húngara Crossroad Records. Em 2009,
assinou com a editora alemã Ruf Records, dando um importante salto na sua carreira
internacional com o álbum Love Is the Key. Com um som intimista, acústico e
profundamente emocional, o álbum contou com a colaboração do amigo e mentor Eric
Bibb nas faixas “Country Boy” e “Walk a Mile in My Shoes”. Desde então, Wilson tem
lançado uma série de álbuns notáveis, como Thumb a Ride (2011), I'm Your Man
(2013), Time (2015), Neckbone Stew (2017) e Deep in My Soul (2019), gravado nos
lendários FAME Studios, em Muscle Shoals, Alabama.
Ao longo da sua carreira, Big Daddy Wilson tem colaborado com diversos músicos e
projetos, como Blues Caravan 2017 (com Vanessa Collier e Si Cranstoun), participou
em festivais de renome, como o Paris Jazz Festival ou o Blues on Broadbeach na
Austrália, e tem sido presença assídua em digressões por toda a Europa, Ásia e
Oceânia.
Mas para além dos números e dos álbuns, Big Daddy Wilson representa algo mais
profundo: uma ponte viva entre a tradição afro-americana do sul dos EUA e o público
europeu que o acolheu e onde floresceu como artista. A sua música é autobiográfica,
espiritual, socialmente consciente e intensamente humana. Temas como “Ain’t No
Slave”, “Hard Days Work” ou “Keep Your Faith in Jah” revelam tanto o seu passado
como a sua visão do presente.
Hoje, com mais de três décadas vividas na Alemanha, Wilson é um dos raros artistas
que, não tendo trazido o blues de casa, o encontrou no estrangeiro — e o transformou
num caminho de expressão, pertença e liberdade. A sua trajetória é a prova de que o
blues é uma linguagem universal que fala de dor e redenção, raízes e renascimentos.
Big Daddy Wilson não é apenas um intérprete: é um contador de histórias, um curador
de memórias, um mensageiro da alma. E, para ele, a estrada ainda agora começou.
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